domingo, 3 de novembro de 2013

Merlot Pedras Altas 2009 – Barricado – Tudo o que é sólido desmancha no ar

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Interessante frase de Karl Marx sobre as certezas que as vezes temos na vida. No vinho é igual. Muitas ideias pré concebidas nos impedem de ver algumas maravilhas que estão aos nossos pés.
Antes de falarmos deste vinho importante destacar algumas concepções falhas no mundo do vinho.

No Brasil não se faz vinho bom. Bobagem, aqui temos de tudo um pouco como no mundo vinhateiro. Já comprei cada porcaria vinda da Europa ou países andinos que nem vou perder tempo falando deles.
Vinho antigo é ruim e licoroso. Outra bobagem, assim como na nossa vida cada etapa tem seu charme e seus problemas.
A Merlot é uma uva que não faz vinhos com personalidade. Outra ideias vinda do massacre que fizeram com esta uva no Chile, principalmente. Tintos reservados com esta uva que não valem nem como tempero.
A ideia de consumir vinhos cada vez mais prontos. Já saem da vinícola redondos o tempo em nada ajuda a melhorá-los. Ninguém quer esperar, muito menos saber como se comportará o vinho depois de um par de anos.
É o efeito da horrível frase: Fácil de beber. Ora não conheço vinho que seja difícil de beber e sim, os que não entendo ou não são do meu paladar.
Estas ideias parecem sólidas mas se desmancham no ar quanto estamos na frente de um Merlot como este.
As uvas vêm da Serra do Sudeste, mais precisamente no município de Pedras Altas, bem ao sul da serra.
mapa vinho rio grande
Altura média de 300 a 400 metros e chão pedregoso. Ideal para a Merlot. Grande variação climática no final da maturação, algo em torno de 12 a 14 graus. Melhor ainda.
O produtor é Manoel Antonio de Araujo um abnegado amante de bons vinhos e dedicado produtor nesta região. Vem trabalhando a Merlot e a Cabernet Sauvignon, agora em experimentos com novas tintas e brancas. Sucesso a ele.
O vinho, já com certa idade e passado na barrica francesa, ganhou novas matizes com a idade. Saiu a agressividade dos taninos, a acidez mais marcante e num perfeito amálgama com a madeira ganhou complexidade.
De cor vermelho escuro já ganhando ares de bordas tijoladas. Aromas de baunilha, e especiarias, algo de pimenta preta e anis. Na boca médio corpo, algo licoroso que não é defeito e sim qualidade que só o tempo traz. Nada de oxidação. Final de gole agradável e persistente.
Gostei muito deste resultado. Ideias que alguns fazem de que nossos tintos não aguentam tanto tempo de garrafa ou não aguentam madeira ou não são agradáveis porque ácidos caiu no vazio completo.
A idade trouxe a este vinho austeridade e charme. Eu gostei muito do resultado final.
Me trouxe a memória clássicos como este.